Mercado de odontologia tem áreas promissoras Mercado de odontologia tem áreas promissoras.
O cirurgião-dentista é o profissional responsável pelo diagnóstico, prevenção e tratamento dos problemas de saúde do problema mastigatório e de todas as estruturas relacionadas na boca. De acordo com o Conselho Federal de Odontologia (CFO), existem, atualmente, mais de 270 mil cirurgiões-dentistas no Brasil – a maior parte concentrada no estado de São Paulo, onde, até setembro deste ano, havia cerca de 82 mil profissionais.Diante de um mercado considerado saturado por alguns especialistas, a especialização torna-se uma necessidade, e a busca por espaço fora dos grandes centros, onde existe uma carência de profissionais, uma boa alternativa.
Áreas promissoras
De acordo com o Prof. Luís Cláudio Campos, diretor do Centro de Saúde Veiga de Almeida, da Universidade Veiga de Almeida (UVA), existem muitas áreas em desenvolvimento na Odontologia, especialmente as áreas de estética e da Odontologia Hospitalar.
– A área estética teve um grande desenvolvimento através de novos materiais e equipamentos que permitem reconstruir virtualmente o sorriso e replicá-lo clinicamente. Os dentes ficam com um aspecto muito natural. Outra área em expansão é a de Odontologia Hospitalar, em que o cirurgião-dentista se insere de forma significativa no cuidado dos pacientes das UTIs e mantém a saúde oral do paciente. Dessa forma, contribuir, dentre outras coisas, na prevenção do desenvolvimento das doenças respiratórias – explica.
Para o Prof. Elson Cormack, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), outra área promissora para os próximos anos é a de implantodontia, que, assim como a área de estética, está em contínua expansão e tem sido objeto de inúmeras pesquisas nas universidades e centros de pesquisa no Brasil e no mundo.
– As áreas de estética e de implantodontia devem continuar a crescer, pois a difusão de modernas técnicas de implantodontia entre os profissionais e o sucesso destes procedimentos têm feito aumentar a procura por estes tratamentos, que estão cada vez mais acessíveis aos pacientes nos consultórios particulares – afirma.
O Prof. Elson Comarck trabalha na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) O Prof. Elson Comarck trabalha na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal
Além disso, os dois especialistas também destacam que o desenvolvimento da engenharia genética pode possibilitar novas formas de tratar os dentes.
– Num futuro mais distante, é possível imaginar que a engenharia genética tenha um papel relevante. É muito provável que tenhamos a possibilidade de retirar e alterar o material genético de uma célula, e que ela venha a se desenvolver como um dente, substituindo aquele que estava ausente – defende Cormack.
– O cultivo celular e desenvolvimento de novo órgão dental através de células embrionárias será, sem dúvida, o futuro da reabilitação e da reconstrução do sorriso. Hoje, implantamos dispositivos de titânio nos dentes. No futuro, implantaremos células que permitirão o desenvolvimento de um novo dente – explica Campos.
Mercado de trabalho
Campos defende que, apesar do grande número de cirurgiões-dentistas no mercado e em formação no país, a demanda por tratamento odontológico é ainda muito grande – especialmente fora dos grandes centros, onde há uma grande carência de profissionais da saúde, e onde não há uma cultura de educação em saúde bem desenvolvida.
– Ainda existem muitas pessoas que necessitam de tratamento dentário, ou seja, tratamento cirúrgico restaurador convencional através de restaurações, tratamentos de gengiva, de canal e de reabilitações protéticas. Para melhorar este cenário, é preciso desenvolver uma cultura de educação em saúde para que a população entenda a importância de manter a saúde oral e a relação biológica da saúde sistêmica com a saúde oral. Nós profissionais temos a obrigação de construir esta cultura – afirma.
Já Comarck acredita que existe uma saturação de profissionais no mercado, e que, para o profissional se destacar, é necessário buscar a especialização.
– O maior investimento que o profissional deve fazer é no seu constante desenvolvimento. Manter ativo um processo de aperfeiçoamento profissional, atualizando-se com as novas técnicas e materiais, é uma forma segura de conseguir se destacar no mercado. Estudos atuais mostram que, a cada dois anos, dobra-se a quantidade de novas informações e pesquisas realizadas. Estar atualizado é uma necessidade e um desafio profissional – afirma.
Segundo os professores, programas de governo como o Programa Saúde da Família (PSF), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e o Centro de Especialidades Odontológicas (CEOs) têm incorporado um grande contingente de profissionais dos últimos anos, o que aumentou a oferta de empregos no setor público.
– Há pouco mais de 10 anos a Odontologia passou a ser um dos programas prioritários do Ministério da Saúde, o que se traduz em investimentos, gastos e custeio. Acredito que haverá uma maior demanda por esse profissional pelo setor público nos próximos anos. Apesar do Brasil ser considerado atualmente pela OMS como um país com baixo índice de cárie, ainda existe a polarização da doença em determinados grupos populacionais que apresentam índices muito altos de doenças bucais, especialmente entre as camadas menos favorecidas da população. Nesse campo, ainda há um extenso caminho a ser percorrido pela Odontologia através do Sistema Único de Saúde – afirma Cormack.
Salário
Atualmente, o piso salarial nacional do cirurgião-dentista é de R$ 9 mil por 20 horas semanais. No Rio de Janeiro, no entanto, o piso é de R$ 2.474 por 24 horas semanais, de R$ 3.708 por 36 horas semanais e de R$ 4.534 por 44 horas semanais, segundo o Sindicato dos Cirurgiões-Dentistas do Rio de Janeiro. Segundo o IPEA, em 2013, a média salarial dos dentistas brasileiros era de R$ 5.367 mensais por uma média de 38,24 horas por semana.
Porém, os especialistas destacam que os rendimentos podem ser superiores ao piso dependendo do tipo de inserção do profissional no mercado. Segundo Cormack, o cirurgião-dentista tem maior possibilidades de ganho ao abrir o próprio consultório, apesar dos custos de investimento. Além disso, explica que as especializações sempre oferecem salários maiores, especialmente de implantodontia, prótese, dentística, endodontia e ortodontia. O professor destaca que, segundo pesquisas, cada ano de estudo corresponde, em média, a 15% de aumento de salário.
Cirurgiã-dentista recém-formada defende especialização
A cirurgiã-dentista Mariana Sobral formou-se em Odontologia em 2014 pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Segundo a jovem, o curso, de uma forma geral, oferece uma grande variedade de especialidades para os alunos conhecerem e guiarem seus estudos.
– O estudante de Odontologia tem contato com as áreas de cirurgia oral, da reabilitação oral e estética – que está em crescimento e tem gerado interesse nos alunos – da ortodontia, da estomatologia, entre outras. Cabe, então, a cada um escolher o seu caminho – diz.
Recém-formada, Mariana decidiu fazer uma pós-graduação em Ortodontia – área que corrige as más-oclusões. O que, diante de um mercado saturado, acredita que será um diferencial no currículo.
Mariana faz pós-graduação em Ortodontia na UERJ Mariana faz pós-graduação em Ortodontia na UERJ Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal
– Existem muitos dentistas atuando e não dá para ser apenas mais um. É necessário fazer diferente, aprimorar suas habilidades e, principalmente, gostar do que faz. A profissão é incrível e tem um mundo de oportunidades, a questão é querer melhorar sempre e não se acomodar com o que já tem. Profissionais capacitados sempre terão espaço no mercado – defende
No futuro, Mariana pretende trabalhar como ortodontista clínica, mas diz que também adoraria seguir pela área acadêmica.
– Acredito no poder do ensino, em todos os níveis, e que uma boa educação é fundamental para formar um indivíduo com vontade de crescer, raciocinar e produzir – afirma.
Fonte: https://extra.globo.com/noticias/educacao/profissoes-de-sucesso/odontologia-especializacao-fundamental-para-profissional-se-destacar-no-mercado-17716680.html