Arquitetura na Odontologia
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Arquitetura na Odontologia

 

Com um consultório bem planejado, é possível unir arquitetura e decoração com a funcionalidade que os ambientes odontológicos devem ter.

Quando se atende pessoas e precisa passar confiança e tranquilidade, como no caso dos consultórios e clínicas odontológicas, não é só em seu serviço que o profissional deve estar atento – ele também precisa pensar no ambiente que irá construir para atender seus pacientes. Além de pensar em seu conforto e nas funcionalidades do ambiente no seu dia a dia, uma vez que irá passar boa parte de seu tempo no trabalho.

Portanto, a arquitetura humanizada e especializada em saúde vem se mostrando muito importante para que o planejamento e resultado final dos ambientes odontológicos sejam os melhores possíveis – com o aumento, inclusive, de pacientes e de execução de tratamentos.

A arquiteta especializada em projetos na área da saúde, marketing e comportamento, Suelena Morais, trabalha exclusivamente com projetos na área de saúde, desde 1995. Ela ainda é diretora da Ambiente Amigo Arquitetura Especializada em Saúde Ltda., que desenvolve projetos arquitetônicos com aprovação da Vigilância Sanitária e de interiores humanizados, realizados à distância, objetivando a otimização dos resultados de consultórios e clínicas.

Suelena contabilizou, até o fim de 2012, em torno de 400 clínicas de saúde – sendo destas, aproximadamente 280 de Odontologia -, além de reformas e ajustes para decoração e humanização. Ela comenta que, quando o arquiteto é especializado em ambientes de saúde, o dentista pode ficar mais tranquilo com o resultado do projeto: “Ser especialista em uma área facilita a elaboração de um projeto. Na medida em que conhecemos as legislações, conhecemos as necessidades dos clientes e aprendemos um pouco mais em cada projeto. Assim, podemos usar esta experiência adquirida a cada projeto para resolver questões que surgem e para orientar os clientes sempre que for necessário”.

A arquitetura humanizada, de acordo com ela, “tem como foco principal o conforto, físico e psicológico, das pessoas que utilizarão o espaço”. Assim, se uma sala de espera de clientes (ou ‘sala de estar’ para os arquitetos) for parecida com a sala de estar da casa destes clientes, eles se sentirão mais bem recebidos no local. “Com isso, a percepção do valor do serviço da clínica será bem maior”, acrescenta. Ou seja, a arquitetura humanizada é criada para fazer com que os clientes se sintam mais confortáveis nos ambientes, com menos medo e mais felizes.

“O cliente, quando chega a uma clínica, pode não estar bem, principalmente psicologicamente. A humanização do espaço procura alterar o estado de espírito deste cliente, fazendo com que ele se sinta melhor. O que temos como retorno das reformas que foram feitas em clínicas é que esta preocupação com o bem-estar do cliente, nos mínimos detalhes, faz com que aumentem os números de fechamentos de tratamentos e das indicações dos clientes e faz também com que eles retornem para outros tratamentos. Ou seja, a humanização promove uma fidelização dos clientes que já existem e um aumento de novos clientes. O resultado para o dentista é apenas um reflexo natural destes fatores”, explica Suelena.

O ideal é que o projeto seja feito por um profissional que tenha executado outros projetos odontológicos, segundo ela, já que a arquitetura do ambiente em Odontologia e do ambiente hospitalar são diferentes. “São ambientes que têm necessidades muito diferentes, devido às diferentes atividades que são desenvolvidas em cada um. Um hospital precisa também ter espaços ergonômicos e confortáveis, respeitando sempre as expectativas, necessidades e desejos do cliente a ser atendido, mas, em uma clínica odontológica, podemos aplicar estes conceitos de maneira mais fácil, principalmente devido ao menor número de clientes atendidos por dia. Este fluxo menor de pessoas, quando comparado aos hospitais, abre um leque maior de possibilidades de uso dos materiais de acabamento e de diferentes soluções na decoração”, diz Suelena.

Quanto à aprovação do projeto, há uma legislação que deve ser usada para se projetar um espaço de saúde: a RDC-50, de 2002. “Ela trata claramente dos ambientes hospitalares e precisa ser analisada com atenção, para ser corretamente aplicada ao projeto de uma clínica odontológica que, na maioria dos casos, tem espaços mais reduzidos que precisam ser muito bem aproveitados. O entendimento desta norma é fundamental para a aprovação do projeto”, esclarece.

Com tantas especificidades no projeto de arquitetura do consultório do dentista, a procura por arquitetos com tais conhecimentos aumentou, na percepção de Suelena: “Notei que, nos últimos anos, um número bem maior de dentistas tem nos procurado para projetar suas clínicas, para que fiquem funcionais para seu trabalho e confortáveis para os clientes. Temos já muitas clínicas montadas e que tiveram ótimos resultados no mercado. Acredito que este ‘boca a boca’ positivo de nossos clientes na indicação de nossos serviços tem aumentado muito o fluxo de projetos”.

Planejamento

A arquiteta explica que o planejamento depende do tempo de clínica e público-alvo atendido. Para uma clínica nova, em um local em que o dentista ainda não é conhecido, o planejamento começa quando o profissional escolhe o perfil de cliente que deseja atender. Em função deste perfil, será feita a escolha do local onde deve ser a clínica: “A partir dos variados serviços que forem oferecidos – especialidades, tratamentos e número de salas clínicas -, calculamos quantos metros quadrados serão necessários para desenvolvermos o projeto”. Depois de feito o projeto, ele deverá ser encaminhado para a Vigilância Sanitária e para a Prefeitura, quando for o caso, para a aprovação. “Somente depois destas etapas é que o projeto de decoração humanizada poderá ser desenvolvido, tendo como foco o perfil do cliente escolhido”, acrescenta.

Quando o planejamento for de uma reforma em clínica existente, ela diz que é preciso pesquisar qual é o público que esta clínica atende para criar uma decoração que não os afaste. “É importante observar que se uma clínica for reformada e ficar muito mais sofisticada do que era antes, os clientes mais simples vão se afastar, pelo receio de o preço ter sido aumentado. Neste caso, vão preferir procurar uma clínica que tenha mais identidade com eles. Temos vários casos de alunos que nos relatam que passaram por esta experiência depois de uma reforma mal planejada. Portanto, conhecer o perfil do público atendido é importantíssimo para o planejamento, tanto de uma clínica nova quanto de uma reforma de clínica existente”.

A ergonomia é um conceito importante no planejamento, uma vez que o dentista tem suas peculiaridades profissionais – que devem ser estudadas pelo arquiteto. “Cada dentista tem sua maneira de trabalhar, que desenvolveu durante anos de trabalho, movimentando-se todos os dias, várias vezes, de uma mesma maneira. Um simples apoio colocado na reforma, ao lado contrário da cadeira odontológica, pode criar uma situação altamente estressante para o profissional. Portanto, analisar a ergonomia, respeitando o sistema de trabalho de cada profissional é muito importante para o projeto, pois somente assim podemos determinar, de maneira correta, a posição de todos os móveis e apoios dentro dos ambientes clínicos”, ressalta Suelena.

A sustentabilidade também deve ser considerada nos projetos de arquitetura, inclusive das clínicas odontológicas. Ao mesmo tempo em que se evita maiores impactos no meio ambiente, é promovida economia nas contas de energia. “Podemos usar iluminação de LED, que promove uma economia de energia de aproximadamente 80%, segundo especialistas em iluminação, torneiras com controle de fluxo de água, válvulas de descarga de fluxo duplo, revestimentos decorativos feitos em materiais reciclados e persianas de tecido que promovam a proteção solar. Além disso, é importante a escolha de imóveis que possam ter as faces das salas de uso contínuo [como as salas de atendimento] voltadas para o sol da manhã, pois assim os gastos com a climatização do ambiente são diminuídos. O importante é sempre procurar soluções que diminuam o impacto das construções no meio ambiente e que promovam economia no uso dos recursos naturais”, diz ela.

Decoração e estilo

Após o planejamento das funcionalidades dos ambientes, é preciso planejar o estilo e decoração deles, também conforme o público que o dentista quer atingir. Tal planejamento inclui todos os ambientes: sala de espera (sala de estar), banheiro para os clientes do dentista, sala de atendimento e até mesmo os ambientes de apoio, onde ficam os funcionários do consultório ou clínica.

A sala de estar precisa ser confortável, bonita e adequada ao público-alvo da clínica. “Se os clientes forem simples, a estética do ambiente deve ser simples. Se forem sofisticados, o ambiente deverá ser sofisticado. Se forem na maioria clientes jovens, a sala de estar deve ter uma estética jovial. Portanto, a decoração desta sala deve respeitar o gosto estético do cliente, sem preconceitos”, diz a arquiteta. O resultado de uma decoração bem feita neste sentido, segundo ela, é a criação de um ambiente altamente familiar para o cliente, o que faz com que ele se sinta em casa e que tenha menos medo do tratamento. Na sala de atendimento, ambiente em que o profissional passa a maior parte de seu dia, “o principal objetivo é criar um ambiente que seja mais tranquilizador para o cliente e mais ergonômico para o dentista”. Neste caso e nos ambientes de apoio da clínica (copa de funcionários, descanso de funcionários, etc), “é preciso criar na decoração soluções que façam com que os profissionais se sintam mais confortáveis e com propostas de ergonomia que façam com que tudo esteja sempre à mão”.

As cores e tonalidades dos ambientes também influenciam muito no humor e percepção dos clientes e funcionários da clínica odontológica, por isso, é preciso saber o perfil da maioria dos pacientes para planejar quais tonalidades a clínica adotará.

“Descobrimos que boa parte dos pacientes tem medo do tratamento odontológico, por isso sempre que escolhemos formas e cores para compor uma decoração para este público, precisamos pensar em soluções que tranquilizem, confortem e amenizem esta situação”, diz Suelena.

Para tal efeito tranquilizante, ela recomenda cores frias como o azul, o verde e o violeta – “ou mesmo o branco, usado como neutro”. As cores que não devem estar nestas clínicas são as conhecidas como “estimulantes”: vermelho, laranja e amarelo. “Claro que tudo é uma questão de adequação ao que é desejado para o espaço. Por exemplo, podemos criar aconchego usando tonalidades terrosas na sala de espera, inclusive em materiais naturais, e estas mesmas tonalidades não seriam bem-vindas nos ambientes clínicos, pois podem lembrar sujeira”, afirma.

Nos ambientes clínicos, segundo a arquiteta, o ideal é evitar o bege, o palha, o marfim e outros que lembrem um “branco sujo”, já que nestes ambientes o cliente espera ter limpeza extrema. “As formas arredondadas são mais amigáveis que as formas retas e também podem nos ajudar na criação destes ambientes aconchegantes que precisamos nas clínicas”, acrescenta.

Quanto à decoração em si, quando se fala em iluminação, cortinas e plantas, é preciso manter como foco o perfil do público-alvo atendido e também o gosto pessoal do dentista. “Precisamos achar um meio termo entre estes dois estilos, pois o cliente precisa se sentir em casa e o profissional precisa gostar do ambiente onde vai passar boa parte do seu dia. Por isso, não há uma regra pré-estabelecida e cada clínica vai ter uma solução determinada pela junção destes desejos, dos clientes e do profissional”, diz a arquiteta.

Para finalizar, Suelena sugere alguns fatores que podem ser considerados no planejamento de todos os tipos de clínicas: “Priorizar plantas naturais nos ambientes em que são permitidas, procurar ter iluminação natural nas salas clínicas, escolher salas voltadas para o sol da manhã, usar luminárias que tenham uma boa reprodução de cores, cortinas que sejam de fácil higienização, dentre outros detalhes”.

Suelena Morais é arquiteta especializada em projetos na área da Saúde, Marketing e Ciência do Comportamento. Consultora e professora do “MBA Compacto de gestão e mercado” para profissionais da saúde do Grupo Caproni e do curso de “Gestão e Marketing” do Grupo Gioso. É palestrante internacional e diretora da Ambiente Amigo Arquitetura Especializada em Saúde Ltda.

Fonte: http://www.odontomagazine.com.br/2013-07-arquitetura-na-odontologia-12002

 

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Thais Almeida é diretora e curadora de conteúdo deste portal.

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