Porque os empreendedores fracassam? (Parte 2)
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Porque os empreendedores fracassam? (Parte 2)

As estatísticas mostram que 90% de todos os novos negócios (inclusive na área de saúde) fecham nos primeiros cinco anos. Os motivos mais comuns são:

As habilidades de um bom empregado não são as mesmas habilidades necessárias para ser um bom empreendedor.
Muitos empreendedores têm bons produtos ou serviços mas não têm as habilidades para construir um negócio de sucesso.

Em vez de construir um negócio, muitos empreendedores trabalham arduamente na construção de um emprego para eles mesmos. Eles se tornam empregados de si mesmos ao inves de ter um negócio próprio.
A maior parte das novas empresas estão condenados desde o início porque nunca tiveram um plano de negócios eficaz.

Este artigo faz parte de uma série de 4 artigos onde estamos detalhando cada um desses motivos. Hoje vamos entender melhor o segundo motivo: Muitos empreendedores têm bons produtos ou serviços mas não têm as habilidades para construir um negócio de sucesso.

Podemos constatar na história da humanidade que geralmente quem inventou um produto, por mais revolucionário que seja, não foi quem ganhou dinheiro com a invenção (uma das poucas exceções foi Thomas Edison que patenteou mais de 1300 invenções além da lâmpada incandescente).

Ter um bom produto não significa que é fácil de vender. Há uma constante preocupação em se fazer produtos melhores, com mais qualidade técnica. Sistemas como o Seis Sigmas procuram reduzir os erros de fabricação a zero, ou o mais próximo possível disso. Treinamentos, cursos de especializações, mestrados e doutorados buscam qualificar tecnicamente o profissional de forma a reduzir os erros de diagnósticos e de tratamento. Mas de nada adianta toda essa qualidade se o cliente não souber, ou melhor, se o cliente não compreender que isso é importante para ele, que isso faz a diferença.

Muitos profissionais buscam contínuas especializações, mestrados e doutorados com o intuito de ter um currículo vasto. O objetivo, mesmo que inconciente, é que esse esse currículo atraia mais clientes. Mas quantos pacientes lhe pedem para ver seu currículo? Quantos lhe pedem para ver seu diploma?

Outra questão importante é que, ter um negócio próprio envolve obrigatoriamente lidar com dinheiro. Fazer um procedimento e conseguir um resultado melhor do que o esperado não vai lhe fazer ganhar mais dinheiro do que se tivesse atingido apenas o esperado. E o montante que ganhará será correspondente ao que negociou antes de iniciar o procedimento clínico.

O conhecimento técnico é essencial, é claro, para prestar o serviço a que você se propõe, mas não é suficiente para garantir que seu negócio, seu consultório, dê certo. Para isso são necessários outros tipos de conhecimentos.

Nos negócios existem basicamente três tipos de conhecimentos: técnico (medicina, odontologia etc.), gerencial (administração, marketing etc.) e inter-pessoal (saber lidar com as pessoas).

Conhecimento excessivo da técnica, por exemplo com títulos de mestrado e doutorado como é muito comum na área de saúde, geralmente é necessário para os professores, mas também não é o suficiente, mesmo nessa área, pois é necessário ainda o conhecimento inter-pessoal para saber como transferir esse conhecimento técnico para o aluno.

Para um consultório ou clinica os títulos de Mestre ou Doutor, na maioria das vezes, são investimentos que não serão recuperados e não farão diferença significativa na captação de clientes. Geralmente é suficiente a graduação, embora cada vez mais seja exigida a especialização do profissional, e, mais importante ainda, a atualização contínua dos conhecimentos científicos.

Como empreendedor, o profissional de saúde deve saber ainda gerir o seu negócio. Conhecer o seu mercado, saber controlar as contas, escolher as formas mais adequadas de divulgar seu consultório e tantas outras funções gerenciais.

Mas, para aplicar tanto o conhecimento técnico como o conhecimento gerencial, é necessário lidar com pessoas, sejam os clientes, seus funcionários, fornecedores, colegas… Esse é o chamado conhecimento inter-pessoal. É a habilidade que permite ao profissional manter a união e a eficiência da equipe, a satisfação dos clientes, o bom relacionamento com os colegas… Alguns podem achar que isso é algo nato, ou a pessoa tem ou não tem. Mas o conhecimento inter-pessoal também pode ser aprendido e desenvolvido.

Deve haver um equilíbrio entre esses três tipos de conhecimentos. Tenha um bom serviço para oferecer, mas também se esforce para ter um bom relacionamento com todos os envolvidos e gerencie bem o seu negócio.

 

Dr. Lacy Lima Amorim é autor dos livros “O Preço Certo – Orientações para formação de preços na área de saúde” e “Ponha um Escorpião no Bolso – Orientações sobre orçamento pessoal e familiar”. www.direcionarconsultoria.com.brcontato@direcionarconsultoria.com.br

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